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sábado, 21 de agosto de 2010

Educação e Subserviência

Há muitos exemplos relacionados ao êxito educacional, eles podem ser encontrados nas revistas científicas, nos jornais, nas empresas, nos laboratórios, nas universidades, entre tantos outros espaços de grande qualidade que estão localizados, em maior frequência, nos países europeus, asiáticos ou nos Estados Unidos da América. Mas é preciso cautela quando a proposta externa impulsiona uma subserviência arraigada no Brasil, como se devêssemos sempre repetir modelos, ideias ou autores, sob a égide ‘o que é de fora é melhor’.
Claro, esses locais citados anteriormente recebem enormes incentivos educacionais há muito tempo, e todos sabemos que incentivar a educação num país significa desenvolver cidadãos mais críticos que, por sua vez, ‘poderiam’ influenciar a qualidade das mídias, gerar inovação nas empresas ou realizar pesquisas de ponta nas universidades. Contudo, o servilismo merece atenção, pois entremeia a cultura e gera uma resistência à mudança que não será modificada em curto prazo. Muito bem, devemos investir em educação – é o atual mote político – mas seria muito simplista dizer que abrir mais cursos ou universidades bastaria para fazermos parte de um grupo de países seletos em relação ao conhecimento utilizado e apregoado. Da mesma maneira não basta o docente ter reconhecimento salarial, visto que em termos de macro-estratégicas, isso não proporciona uma alavancagem estrutural na educação. Sim! Profissionais bem remunerados produzem mais, além disso, os salários adequados podem revelar o talento e a justiça da administração pública, entretanto, para aqueles docentes que estão acostumados com a simples reprodução do conhecimento, não-crítico e não-criativo, o bom salário não estimulará a mudança educacional, talvez haja apenas um aumento da mera acriticidade. Em relação aos que foram mal selecionados para essa carreira, pode ser mais grave, já que não há um sistema de recompensas capaz estimulá-los.
Em que direção está a solução? Seja qual for ela, demandará um longo prazo. Entre as inúmeras ações, é necessário reestruturar os processos de seleção de docentes, bem como lhes agregando a ética, redesenhar os conteúdos ministrados, capacitar intensamente os professores, repensar a educação em todos os níveis, ampliar o incentivo às pesquisas e aos autores nacionais – sem ufanismo ou reducionismo intelectual –, proporcionar a integração do conhecimento acadêmico com a sociedade que, a propósito, não pode ser confundida com a filantropia ou com a atitude de aprender ‘na’ população. Enfim, aquilo que está por vir na educação brasileira é dependente da compreensão profunda do momento em que nos encontramos e das ações efetivas que iniciarmos.
Fonte: Renato Dias Baptista, publicado em:  Jornal de Londrina (com adaptações)  e Jornal da Cidade.