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domingo, 5 de novembro de 2017

O feedback demanda por coerência

Uma das grandes apreensões no mundo pode ser encontrada nas expectativas que possuímos em relação aos que convivem conosco. Buscamos nosso melhor desempenho, mas sabemos que isso é uma tarefa compartilhada com outros indivíduos que também tentam equilibrar seus objetivos com suas angústias pessoais. Entretanto, quando esse ‘outro’ possui um papel de ‘liderança’ a perspectiva é ampliada, pois desejamos receber algo que aprimore a nossa performance. Em síntese, esperamos por feedback em todas as relações humanas.
Nas empresas mais competitivas, o alinhamento desses fatores é responsável pela criação de um espaço propício à criatividade. Afinal, o feedback que gera melhorias comportamentais não está relacionado às criticas destrutivas, à gestão autoritária ou à soberba de quem está numa posição de comando.
John Kao, professor de criatividade e desenvolvimento empresarial na Harvard Business School é enfático ao destacar o papel do feedback para a criação do jamming como uma maneira de alavancar os processos criativos dentro da organização. Esse termo significa a capacidade em vincular ideias com recursos - recursos humanos, recursos financeiros, recursos de conhecimento, recursos de infraestrutura. É trabalhar com pessoas de diferentes capacidades e, por meio da improvisação com inteligência, conceber algo novo, criativo e harmonioso. (Jamming, John Kao, 2009). Para atingir isso não basta se apoiar no modelo cartesiano de feedback, isto é, na concepção de que a informação de resultados já seria suficiente aos indivíduos. Algumas empresas, por exemplo, divulgam suas pesquisas de clima, avaliação de desempenho, treinamento, entre outras ações, na crença de que apenas a entrega desses resultados já representaria o necessário.
O caminho mais efetivo é capacitar a equipe sobre os elementos que compõem o feedback. Ele é construído na concepção de que todas as etapas de um processo de comunicação são levadas em conta. Entre inúmeros fatores é indispensável saber o que uma empresa ou individuo comunica? Quais são os códigos utilizados? Em quais canais são processadas as informações? Qual a capacidade cognitiva dos receptores? Qual o momento correto? Como articular uma informação e transformá-la em comunicação?
Esse processo não se encerra numa reunião, mas na busca da simetria entre as informações veiculadas para todos os públicos e as efetivamente realizadas.
Quando um gestor diz algo e age de outra forma, ele torna o feedback mais contraproducente quanto à ausência dele. Finalmente, também não é possível esperar a democracia em ambientes autoritários. Assim, O feedback demanda por coerência. Como já afirmou Tom Peters, o feedback não pode levar ao medo, mas permitir que o talento humano seja desenvolvido.


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Autor: Renato Dias Baptista é Professor Doutor da Universidade Estadual Paulista, UNESP, campus de Tupã. E-mail: rdbaptista@tupa.unesp.br