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sábado, 17 de outubro de 2009

Estágios

Em tempos neoliberais, com todo o peso que essa palavra possa carregar, muitas organizações transformaram os estágios em subemprego. Gerir um programa de estágio de forma correta é para gente grande. Empresas fracas consideram que os estagiários são recursos baratos, além de inseri-los em papéis distantes da formação que buscam.
O período de estágio deve ter uma inter-relação entre a teoria e a prática, ele possibilita a inserção do estudante no mundo organizacional. Nesse momento, há uma troca das informações recebidas na universidade e a aplicabilidade fomentada pela empresa.
As organizações bem geridas possuem profissionais capacitados para administrar os planos de estágios, são éticas e consideram seus estagiários como potenciais colaboradores; são talentos em desenvolvimento. As boas empresas conduzem as tarefas do estágio de modo consonante com o processo de formação acadêmica e sabem que estão capacitando profissionais que, se não forem contratados no final do período de estágio, estarão preparados para o mercado. Mas nem todas as organizações possuem a mesma conduta. Não é preciso procurar muito para encontrar estudantes, dos mais variados cursos, desenvolvendo - full-time - tarefas de digitação, serviços bancários e outras atividades totalmente descaracterizadas como um estágio. Não há justificativa para um estudante de engenharia ou psicologia, por exemplo, ficar a maior parte do tempo na digitação de dados, na execução de cobrança ou em telemarketing.
Claro! se levarmos em conta os estudantes de baixo poder aquisitivo, é possível compreender os motivos que eles possuem para permanecer numa empresa que não seja ética. Ora, a bolsa auxílio, em muitos casos, torna-se parte fundamental na manutenção de seus estudos. Porém, a necessidade financeira de um estudante não deve ser caracterizada como incentivo para esse tipo de organização.
A ausência de ética organizacional indica uma gestão ingênua ou medíocre. Uma empresa que considera o estagiário como um subproduto de sua equipe está, na maioria das vezes, descaracterizando o planejamento e desenvolvimento humano, além disso, essas organizações tendem em realizar o mesmo com seus colaboradores. As distorções refletem a ausência de competências específicas ao subsistema de gestão de pessoas.
Quer mudar sua empresa? Invista no princípio básico do benchmarking. Visite as corporações que acertam, elas servirão de referencial para uma mudança que, longe de ser benevolente, conduz o plano de estágio como um investimento estratégico.

BAPTISTA, R. D. Ética organizacional e estágios profissionais, Revista Ensino Superior, São Paulo, Ano 5., n. 58, p. 21, jul. 2003.
_________ Involuções Corporativas: perspectivas críticas sobre a gestão de pessoas, comunicação e cultura nas organizações. São Paulo: AllPrint, 2007.