Em termos de inovação: O tempo é “mais lento” nas organizações arcaicas. Impõem velocidade nos sistemas de trabalho, mas são como mastodontes apressados; atropelam clientes, funcionários, a própria imagem. São idolatrados pelos “paleontólogos”. Muitas dessas empresas são geridas como se estivessem no inicio da Revolução Industrial; estão na pré-história da gestão de pessoas. Funcionários, proprietários ou diretores são ricas fontes de informação. Enquanto, os proprietários ou diretores falam da obsolescência como verdade pós-moderna, os funcionários relatam como aventuras num elo perdido. Veja alguns casos. Conta-se que um empresário no interior de São Paulo resolveu colocar catracas nos banheiros da fábrica para controlar o acesso dos funcionários e o tempo de permanência dos mesmos. Após um período resolveu-se suprimir esse procedimento, pois o diretor teve um espasmo de “brilhante idéia”. Em outra região, conta-se que uma pequena empresa resolveu instalar banheiros sem os vasos sanitários tradicionais, mas com outro tipo de louça sanitária, chamada privada turca, aquela que ainda se encontra em alguns locais e que o indivíduo fica de cócoras, e não sentado. Dessa maneira, dizia o “gerente”, o funcionário não ficaria lendo um jornal ou “sentado, pensando na vida”. Em outros pontos, se o problema não está no “conforto” está no controle. Muitos candidatos que entrevistei, relataram que em seus empregos anteriores, alguns proprietários de pequenos estabelecimentos comerciais controlam o acesso ao banheiro local, guardando as chaves no bolso. Muitos afirmavam situações de constrangimento por passarem por essa situação. Há algo que incomoda nessas histórias; os trabalhadores dessas “empresas” com o passar do tempo, se “acostumam”, deixam de criticar; são necessidades salariais. É possível observar o crescimento de alguns mecanismos de controle típicos das relações arcaicas. É claro que, longe de serem engraçadas, essas histórias refletem um dos males do trabalho que persistem e indicam o ápice da obsolescência.
Fonte: Baptista, Renato Dias. Involuções Corporativas. São Paulo: All Print, 2007.