Uma das grandes apreensões no mundo pode ser encontrada nas expectativas que possuímos em relação aos que convivem conosco. Buscamos nosso melhor desempenho, mas sabemos que isso é uma tarefa compartilhada com outros indivíduos que também tentam equilibrar seus objetivos com suas angústias pessoais. Entretanto, quando esse ‘outro’ possui um papel de ‘liderança’ a perspectiva é ampliada, pois desejamos receber algo que aprimore a nossa performance. Em síntese, esperamos por feedback em todas as relações humanas.
Nas empresas mais competitivas, o alinhamento desses fatores é responsável pela criação de um espaço propício à criatividade. Afinal, o feedback que gera melhorias comportamentais não está relacionado às criticas destrutivas, à gestão autoritária ou à soberba de quem está numa posição de comando.
John Kao, professor de criatividade e desenvolvimento empresarial na Harvard Business School é enfático ao destacar o papel do feedback para a criação do jamming como uma maneira de alavancar os processos criativos dentro da organização. Esse termo significa a capacidade em vincular ideias com recursos - recursos humanos, recursos financeiros, recursos de conhecimento, recursos de infraestrutura. É trabalhar com pessoas de diferentes capacidades e, por meio da improvisação com inteligência, conceber algo novo, criativo e harmonioso. (Jamming, John Kao, 2009). Para atingir isso não basta se apoiar no modelo cartesiano de feedback, isto é, na concepção de que a informação de resultados já seria suficiente aos indivíduos. Algumas empresas, por exemplo, divulgam suas pesquisas de clima, avaliação de desempenho, treinamento, entre outras ações, na crença de que apenas a entrega desses resultados já representaria o necessário.
O caminho mais efetivo é capacitar a equipe sobre os elementos que compõem o feedback. Ele é construído na concepção de que todas as etapas de um processo de comunicação são levadas em conta. Entre inúmeros fatores é indispensável saber o que uma empresa ou individuo comunica? Quais são os códigos utilizados? Em quais canais são processadas as informações? Qual a capacidade cognitiva dos receptores? Qual o momento correto? Como articular uma informação e transformá-la em comunicação?
Esse processo não se encerra numa reunião, mas na busca da simetria entre as informações veiculadas para todos os públicos e as efetivamente realizadas.
Quando um gestor diz algo e age de outra forma, ele torna o feedback mais contraproducente quanto à ausência dele. Finalmente, também não é possível esperar a democracia em ambientes autoritários. Assim, O feedback demanda por coerência. Como já afirmou Tom Peters, o feedback não pode levar ao medo, mas permitir que o talento humano seja desenvolvido.
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Autor: Renato Dias Baptista é Professor Doutor da Universidade Estadual Paulista, UNESP, campus de Tupã. E-mail: rdbaptista@tupa.unesp.br